O porta-voz militar israelita anunciou esta sexta-feira que os residentes libaneses estão proibidos de regressarem às suas casas no sul do país até novo aviso. Israel e o Hezbollah trocaram acusações de violações do cessar-fogo e Netanyahu ameaçou mesmo com uma "guerra intensiva" se as tréguas no Líbano forem violadas.
No entanto, numa publicação na rede social X, o porta-voz militar israelita, Avichay Adraee, apelou aos residentes libaneses para não regressarem a mais de 60 aldeias do sul do país, alertando que quem se deslocar para sul da linha especificada “coloca-se em perigo”.
“As IDF (Forças de Defesa Israelitas) não têm a intenção de vos atingir e, portanto, estão proibidos neste momento de regressarem às suas casas a partir desta linha sul até novo aviso”, sublinhou.
Israel e o Hezbollah têm trocado acusações de violações do cessar-fogo, que entrou em vigor na quarta-feira.
Israel disse ter atingido, na quinta-feira, o que apelidou de "suspeitos" com veículos que chegaram a várias áreas da zona sul, considerando que era uma violação da trégua.
Os militares israelitas anunciaram também que a força aérea atacou uma instalação utilizada pelo Hezbollah para armazenar rockets de médio alcance no sul do Líbano, o primeiro ataque deste tipo desde que o cessar-fogo entrou em vigor.
O Hezbollah, por sua vez, acusou Israel de estar a “atacar aqueles que regressam às aldeias fronteiriças”.
A troca de acusações evidenciou a fragilidade do cessar-fogo, mediado pelos Estados Unidos e pela França para pôr fim ao conflito. Apesar disso, o acordo mantém-se em vigor.
Netanyahu ameaça com “guerra intensiva”
Na quinta-feira, o primeiro-ministro israelita ameaçou com uma “guerra intensiva” em caso de violação do cessar-fogo.
“Se necessário, instruí” o exército a levar a cabo, “no caso de uma violação do cessar-fogo, uma guerra intensiva”, declarou Netanyahu.
Na quarta-feira, no dia da implementação da trégua, o primeiro-ministro israelita já tinha alertado que Israel mantinha “total liberdade de ação militar”, avisando que não hesitará em voltar a atacar se o Hezbollah violar qualquer parte do acordo.
"Se o Hezbollah violar o acordo e tentar armar-se, nós atacaremos. Se ele tentar reconstruir a infraestrutura terrorista perto da fronteira, nós atacaremos", alertou.
O acordo de cessar-fogo foi mediado pelos Estados Unidos e pela França e implica a retirada das forças israelitas do Líbano num prazo de 60 dias.
Por outro lado, o movimento xiita libanês Hezbollah compromete-se a ir para norte do Rio Litani, uma fronteira estabelecida no final da última guerra entre Israel e o Hezbollah, em 2006. Assim, os dois países libertam uma faixa que será patrulhada pelo exército libanês e pelos capacetes azuis da UNIFIL.
Segundo o acordo, o exército libanês deve também enviar 5.000 soldados para o sul do país.
O exército libanês continua a deslocar-se para o sul do país, onde está a “instalar postos de controlo”, disse uma fonte militar à AFP na quinta-feira, especificando que os soldados não estão “a avançar para áreas onde o exército israelita ainda está presente”.
c/agências